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Síndrome do Intestino Irritável

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A Síndrome do intestino irritável (SII) é um conjunto de manifestações gastrointestinais crônicas e recorrentes não associadas a qualquer alteração bioquímica ou estrutural do trato gastrointestinal. Também chamada de cólon espástico e cólon irritável não deve ser confundida com as doenças inflamatórias do intestino, como a doença de Crohn e colite ulcerativa, que são problemas graves que chegam a tornar necessária a remoção parcial dos intestinos. Sensação de estufamento, distensão, diarréia alternada com prisão de ventre e episódios de dor insuportável são as marcas registradas da SII.

Uma doença dos tempos modernos

Um em cada cinco americanos apresenta a síndrome do intestino irritável, o que faz com que ela seja um dos distúrbios mais diagnosticados atualmente. A causa não é bem conhecida e não se sabe ao certo o que leva o paciente a desenvolver os sintomas. Acredita-se que os pacientes com SII apresentem uma alteração de funcionamento da motilidade intestinal associado a um menor limiar de dor para distensão intestinal. Assim, menores volumes de gás ou fezes dentro do intestino são capazes de gerar uma sensação dolorosa mais intensa nos paciente com SII enquanto que indivíduos sem a SII provavelmente não seriam perturbados por estímulos semelhantes.

Ela ocorre mais freqüentemente em mulheres do que em homens, e começa por volta dos 20 anos de idade. Você pode sofrer de sintomas leves da SII por anos até que um ataque agudo faça você ir ao médico em busca de uma solução. Os sintomas são semelhantes àqueles de doenças gastrointestinais. Variam não apenas de pessoa para pessoa, mas na mesma pessoa de semana para semana. Isso torna difícil o diagnóstico e um tratamento eficaz é complicado de se definir. Alterações psicológicas como depressão e ansiedade são mais freqüentes em pacientes com SII.

Os principais sintomas relatados são:

  • distensão abdominal e sensação de estufamento (¨ Paciente precisa abrir o botão da calça¨).
  • alternância de períodos de diarréia e obstipação.
  • excesso de gases.
  • dor abdominal migratória (cada crise tem a dor localizada em um lugar diferente).
  • sensação de evacuação incompleta.
  • piora em períodos de maior estresse.

Embora a síndrome do intestino irritável cause muito desconforto e estresse, ela não prejudica os intestinos permanentemente e não leva a um sangramento ou a qualquer doença grave, como câncer. A maioria das pessoas pode controlar seus sintomas com ajustes na dieta, controle de estresse e medicamentos. Infelizmente, para algumas pessoas, a síndrome do intestino irritável pode ser debilitante. Eles podem não ser capazes de trabalhar, ir a eventos sociais ou mesmo fazer viagens curtas.

O diagnóstico é feito baseado na suspeita clínica e após a exclusão de outras alterações intestinais como câncer e colites. È necessário a realização de uma série de exames como exames de sangue, fezes e colonoscopia que deverão ser normais ou apresentar mínimas alterações para se confirmar o diagnóstico de SII. A realização de uma grande quantidade de exames com resultados normais muitas vezes frustra o paciente que pensa que a investigação não está sendo feita de maneira adequada. O esclarecimento do paciente é fundamental para diminuir sua ansiedade e evitar o abandono do tratamento.

Tratamento

O conhecimento de que se trata de uma doença de evolução benigna e que não progride para nenhuma circunstância mais grave é um passo muito importante que tranqüiliza o paciente e auxilia na melhora dos sintomas. Cada paciente pode apresentar intolerância para algum tipo de alimento que muitas vezes não ocorre com outros pacientes. Por isso é recomendável a realização de um diário alimentar correlacionando os sintomas aos alimentos ingeridos para identificar os alimentos que causam mais sintomas para cada paciente.

De maneira geral devê-se evitar:

  • refeições em grandes quantidades;
  • feijão, repolho, couve-flor, cebola crua, uva, ameixa;
  • cerveja e vinho;
  • trigo, centeio, cevada, chocolate;
  • bebidas que contêm cafeína ( café e chá), refrigerantes;
  • estresse, conflitos e problemas emocionais;
  • goma de mascar;
  • gorduras: banha, bacon, maionese, frituras;
  • condimentos e especiarias: canela, pimenta,alho e cebola;
  • leite e alimentos que contem lactose.

É recomendável:

  • dieta rica em fibras;
  • realização de exercícios físicos;
  • perda de peso;
  • pães e cereais integrais;
  • vegetais e frutas;
  • leite de soja;
  • evitar gorduras e dar preferência para carboidratos como massa, arroz, pães e cereais integrais (a menos que tenha a doença celíaca), frutas e vegetais;
  • peixes de água gelada como salmão e sardinha;
  • cuidados com o sono;
  • diminuição do estresse;

Estas orientações servem para guiar o início do tratamento pois cada paciente acaba apresentando um perfil de intolerância alimentar próprio que com o passar do tempo acaba sendo reconhecido e evitado pelo paciente . Existem no mercado uma série de medicações que podem ser utilizadas para o tratamento da SII auxiliando na melhora dos sintomas. Novamente a resposta de cada paciente as medicações é muito variável sendo muito comum a troca da medicação após um certo período.

Autor

Dr Marcus Fernando Kodama Pertille Ramos

Dr Marcus Fernando Kodama Pertille Ramos

Cirurgião Geral, Cirurgião do Aparelho Digestivo

Especialização em Residência Médica Cirurgia Aparelho Digestivo no(a) Faculdade de Medicina da USP.